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Adultos com autismo existem!

Crianças com autismo crescem e tornam-se adultos com autismo. Isto é fato. Apesar da obviedade da situação,  uma parcela de nossa sociedade ainda vive como se o Transtorno do Espectro Autista se restringisse única e exclusivamente ao universo infantil.

Levanto a discussão sobre este tópico porque, para meu espanto, sou abordada, com muito mais frequência do que gostaria, com indagações,  tais como:

“Agora que ele está entrando na adolescência,  está perto de ficar curado, não é ?”

Ou ainda:

“Por que autismo só “dá” (???) em criança?”

Perguntas como estas demonstram que o conhecimento de algumas pessoas acerca do assunto ainda é muito superficial. É claro que já avançamos muito no que se refere à divulgação e conscientização da sociedade. E, verdade seja dita, nos últimos meses, podemos observar que adultos com autismo ganharam espaço na mídia, ajudando a desmistificar, através de entrevistas ou reportagens, o estereótipo do “autismo restrito à infância” ou algo do tipo. Entretanto, a maioria das matérias realizadas sobre o tema refere-se quase sempre a crianças.

É inegável e NÃO cabe questionamentos que  devemos ressaltar a atenção que mães, pais, professores e pediatras devem ter no rastreamento dos primeiros sinais de TEA, pois é indiscutível a importância do diagnóstico precoce e, PRINCIPALMENTE, a urgência da intervenção multidisciplinar o mais rápido possível, objetivando um melhor prognóstico para a criança. Estes temas devem SEMPRE ser abordados. Mas não podem ser os únicos a ser falados.

Dói n’alma perceber que um grupo grande de pessoas com TEA já chegou à idade adulta sem opções de ensino profissionalizante, sem perspectivas de inclusão no mercado de trabalho e muito menos sem um  futuro a vislumbrar…

Isto sem mencionar todas as gerações anteriores de autistas que foram esquecidas e abandonadas pelo poder público e pela sociedade civil.

Grande parte dos adultos com autismo vivem, praticamente, “trancados”, metaforicamente falando,  dentro de suas casas, por falta de oportunidades – pasmem – até mesmo de lazer, pois a  grande maioria dos eventos voltados para o público com TEA não abrange os jovens e adultos com autismo.

Precisamos lutar para mudar este cenário. É preciso lutar por Cursos  Profissionalizantes adaptados às necessidades de nossos autistas. Cursos que possam ser capazes de trabalhar suas habilidades e potencialidades, respeitando suas diferenças e preparando efetivamente para a inclusão no mercado de trabalho. É preciso falar sobre a inclusão  no mercado de trabalho!

Ou melhor, é preciso mostrar o quanto é difícil incluir uma pessoa com autismo, não porque seja incapaz de trabalhar, muito pelo contrário, mas apenas e tão simplesmente porque a grande maioria das portas está fechadas para este público!

As empresas precisam acordar e perceber que  a mão de obra de pessoas com TEA, em muitos casos, pode ser extremamente qualificada e capaz, pois em razão do hiperfoco eles tornam-se especialistas nas tarefas que desempenham.

Se seu filho ainda é uma criança e você acredita que não precisa se preocupar com isso, repense com urgência suas ideias, pois o tempo passa em um piscar de olhos. Comece hoje a pavimentar o futuro de seu filho e de todos os outros que caminharão ao lado dele e os que virão depois dele.

Tijolinho após tijolinho, estaremos construindo um mundo melhor. Não apenas para as pessoas com autismo, mas para todos aqueles que têm Fé e Esperança  em uma sociedade mais justa.

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