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Problemas clínicos em crianças não verbais

Hoje vamos comentar um artigo publicado em janeiro no Jornal da Academia Americana de Psychiatria da Criança e Adolescência que reforça a importância de nos preocuparmos com problemas clínicos em crianças não verbais.

Todos nós, que convivemos com crianças que ainda não desenvolveram a linguagem falada como forma de comunicação, já experimentamos ou vamos experimentar tais problemas. Pelo fato desses indivíduos terem dificuldades em expressar suas necessidades, quando enfrentam quadros inflamatórios, infecciosos ou até simples dores de cabeça, a alteração do comportamento e crises afetivas podem sinalizar tais problemas. Geralmente, esses sintomas são vistos como psiquiátricos e são resolvidos com internações ou medicações psicotrópicas sem antes o paciente ser ao menos examinado por um clínico. Assim, otites, dores de garganta, asma e alergias, dores de cabeça, cólicas e problemas clínicos deixam de ser diagnosticados.

Segundo o artigo escrito pelo Dr. Robert Accordino, da Universidade de Oxford, crianças com Autismo (desordem que comumente cursa com comunicação averbal)  apresentam 1.8 maior chance de desenvolverem asma, 1.6  de desenvolver eczema e alergias de pele, 2.2 de dores crônicas e severas de cabeça e 3.5 de desenvolver diarreia crônica e colite comparadas com crianças com desenvolvimento típico. Não podendo pedir medicação, a criança acaba se utilizando de comportamentos inadequados. Em crianças com deficiências mais graves, as dores mais intensas podem ser seguidas de auto agressividade.

Assim, para evitarmos o uso inadequado de medicação psicotrópica e para aliviar sintomas físicos importantes nesse perfil de paciente, a avaliação clínica deve sempre ser feita antes de qualquer intervenção psiquiátrica, principalmente nos casos em que as mudanças de comportamento são súbitas e sem justificativa aparente.

Dr. Caio Abujadi

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