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Sinais do autismo: sobre sintomas da infância e como eles se manifestam hoje

Neste artigo, eu tratarei dos sintomas que já tive e como eles ainda se manifestam hoje, discorrendo sobre a evolução dos mesmos conforme eu me tratava e a vida seguia.

Quando eu era pequeno, era muito seletivo com comidas. Eu demorava a ser introduzido a cada alimento novo, sempre comendo só sopa, e mesmo assim, de legumes, nos primeiros meses de vida. Este é um sintoma que mantenho ainda hoje, em certo grau, mas que… bem, prefiro dizer que é melhor que eu continue com isto.

Ou não: talvez isso me influencie a não ingerir mais produtos de origem animal (especialmente carnes) no futuro. Sempre fui meio que seletivo em relação a misturas com embutidos (em especial salsicha e linguiça), bacon e certos tipos de carnes, e gostava mais de queijo e vegetais – algo que mantenho até hoje.

Além disso, quando criança, eu também me comunicava de maneira atípica (no meu caso, nos primeiros anos de vida, falava sempre uma única e monótona sílaba: “ca”). Ainda assim, quando aprendi a falar (claro que foi lendo, e a fonoaudióloga também me ajudou), aos quatro anos, às vezes falava em um tom monótono e robótico, e quando lia em voz alta lia muito rápido. Conforme o tempo passou, eu passei a falar em um tom de voz “normal”, mas ainda leio muito rápido quando em voz alta. E, claro, eu tive problemas com sons que falava. Eu confundia os sons do “r” brando vibrante alveolar e do “l” em todas as posições exceto ao final de sílaba, velarizado e semi-vocálico/som de “u” (conforme eu me tratava com a fonoaudióloga, e também conforme aprendia idiomas, eu superava tais questões; hoje em dia ainda tenho problemas com o “r” brando, mas são imperceptíveis).

Tive também problemas para amarrar cadarços de sapatos (só aprendi com uns nove para dez anos), em especial tênis e também algumas roupas. Hoje em dia já não tenho mais tais problemas.
Minha memória, quando eu era criança, era eidética. Sim, isso mesmo. Eu podia lembrar ou pelo menos distinguir com clareza as siglas e nomes partidos brasileiros de meados dos anos 1990, bem como algumas das principais figuras dos mesmos (não sabia distinguir as ideologias, no entanto) e também quase todos os jogadores das seleções nacionais de futebol que participaram das Copas do Mundo de 1994 e 1998, respectivamente nos Estados Unidos e na França. Eu lembrava de todos os jogadores da seleção brasileira tetracampeã mundial em 1994 e vice-campeã em 1998. Tal habilidade durante algum tempo me transformou no centro das atenções na primeira escola onde estudei (a escola regular onde fiz meu maternal e jardim), e isso não era nada agradável para minha mãe.

Também girava ao redor de mim mesmo sempre para ver o que me acontecia, mesmo que, no fim das contas, eu ficasse tonto. E, algumas vezes, andava na ponta dos pés, como se fosse uma bailarina. E apresentava (a ainda apresento, hoje) manchas na minha visão quando eu vejo luzes muito fortes.

Já fui também um pouco hiperativo (mas isso era nos primeiros anos de vida, tanto é que eu não me lembro disso direito). Chorava muito (hoje em dia raramente choro) e era muito propenso a me irritar (ainda sou, um pouco). E também sou de falar e sorrir sozinho, embora, antigamente, eu fizesse isso mais que hoje.

Também sou hiperlexo, ou seja, gosto muito de ler. Mesmo. Independentemente do suporte de escrita ou do teor da leitura. Aliás, se aprendi a falar, foi por conta de meu desenvolvimento de habilidades de leitura e interpretação de textos.

E, claro, tinha muito medo do escuro, de pássaros e de objetos em velocidades muito altas. Quando era criança, só de ver um pássaro andando ou voando próximo a mim, eu corria em disparada, assustado; isso assustava as pessoas à minha volta e deixava minha mãe preocupada. Por conta disso, tive alguns problemas em passeios que fiz pela escola durante o Ensino Fundamental.
Demorei anos para aprender a dormir sem medo do escuro (sendo que entre os 9 e os 14 anos, eu dormia com abajur) e também fui, inclusive, alvo de bullying por conta da questão dos pássaros. Apesar de ter aprendido a lidar com o problema do escuro, no entanto, ainda tenho um pouco destes problemas com os objetos em alta velocidade e também com os pássaros.

Este último, no entanto, tem mudado nos últimos anos, pois eu tive, entre 2011 e o ano passado, como animal de estimação, uma calopsita. A princípio eu tinha um pouco de medo, mas acabei me afeiçoando ao pássaro; eu a alimentava e lhe dava água. Ainda que não tenha superado completamente este problema, cuidar da calopsita foi uma experiência que me foi marcante em vários sentidos, como meu desenvolvimento de empatia em relação a animais.

 

No próximo artigo, tratarei dos sintomas que desenvolvi recentemente (ou seja, de meados da adolescência para cá) e da minha visão sobre ter os mesmos.

Até mais!

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