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Autismo: sintomas da adolescência, de hoje e a minha visão a respeito

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Nos dois artigos anteriores, falei brevemente sobre os sintomas do autismo e também sobre os sintomas e sinais que exibia quando era criança. Agora, eu mencionarei os sintomas que passei a exibir de meados de minha adolescência para cá. E também oferecerei aos leitores minha opinião.

Dos 16 para os 17 anos, comecei a ter fortes crises de ansiedade, que se manifestam cada vez que eu vejo alguém conhecido ou com quem eu tive algum contato. Tais crises eram muito fortes há uns sete anos, mas passaram a diminuir e ao mesmo tempo perder a sua força aos poucos. E elas se manifestam conforme as pessoas com quem interajo, sendo que eu não manifesto estas crises de ansiedade com as pessoas com as quais estou acostumado.

Além disso, eu resisto muito a mudanças de rotina, tanto é que meu organismo precisa encontrar maneiras de se regular. Isso acontece através dos stims, os populares movimentos/comportamentos repetitivos e autorreguladores geralmente sem razão aparente. Alguns destes stims incluem: andar de um lado para o outro quando estou nervoso e falar comigo mesmo, também quando estou nervoso, ou quando tenho algum lampejo (ou insight, se preferir). Faço isso, geralmente, para ocupar meu cérebro e também para me regular. No entanto, as pessoas neurotípicas à minha volta frequentemente estranham tais comportamentos, pois elas podem não estar acostumadas com isso.

Eu também costumo não reagir bem às brincadeiras de colegas neurotípicos ou mesmo de algumas “piadas” (com aspas mesmo, pois o contexto de algo ser realmente uma piada, ou então, uma ofensa, varia muito) e fico nervoso sem muita necessidade algumas vezes.

Também ajo, às vezes, como se fosse surdo, como se nada estivesse acontecendo comigo, a exemplo de quando me pedem tarefas para fazer e eu estou concentrado em outras coisas, ou quando quero muito ficar sozinho em meu canto – o que, dependendo do caso, pode não agradar a quem me pede o que faço.

E tenho MUITOS interesses, difusos e repetitivos (alguns dos quais ajudaram a moldar meus gostos e personalidade, que também me ajudaram a construir algumas relações e a abrir minha mente, embora algumas pessoas achem que posso gastar meu tempo com coisas “inúteis”). Um exemplo seria quando eu pesquiso sobre os critérios que fazem certas políticas serem consideradas de “esquerda” ou de “direita”, “conservadoras”/ “tradicionalistas” ou “progressistas”/ “humanistas”/ “alternativas”, e como e porque as expõem dentro de diagramas cartesianos/diagramas de jogos de tabuleiro ou algo do estilo.

E aparentemente não demonstro empatia – embora isso tenha mudado muito nos últimos anos. Já demonstrei também alguns comportamentos compulsivos e um pouco de falta de jeito (má coordenação motora) e problemas de humor.

De resto, este sou eu.

 

Agora, farei uma breve reflexão sobre os sintomas e características do autismo.

Os sintomas do autismo podem ser, dependendo do caso, como as fraquezas ou força de um super-herói ou de algum personagem com superpoderes.

Ainda assim, isso varia conforme a natureza das características e comportamentos de cada autista. Alguns exibem sintomas que aparentemente poderiam incapacitá-los (em alguns casos havendo incapacidades de fato), mas outras exibem as garantias de que podem ser brilhantes ou com sucesso na vida (se bem que esta coisa de sucesso é outra estória). No entanto, há todo um espectro de sintomas e características que uma pessoa pode exibir, e que varia de pessoa para pessoa… Eu não sou igual a você.

Aliás, todas as pessoas, sejam elas neurotípicas, autistas ou afins, NÃO são iguais. Se todos fossem iguais (não no sentido de terem os mesmos direitos, mas de terem as mesmas características), o mundo seria, digamos, “chato”.

Além disso, como mostrado em meu caso, e tal como pode ocorrer em alguns casos, os sintomas podem evoluir (ou melhor, se transformar) de várias maneiras. Podem até regredir, ou então dar espaço para outros sintomas, que podem ser mais leves ou mais graves. E tal evolução pode ocorrer por toda a vida, podendo os sintomas se modificar conforme a pessoa cresce e envelhece e também dependendo da intervenção.

Para compreender mais, eu recomendo o vídeo da autista estudante de Artes Plásticas Amanda Paschoal, chamado “O Espectro não é Preto ou Branco!”. Este vídeo está disponível no YouTube e pode explicar muitas coisas que se esperam entender sobre o Espectro Autista.

 

O próximo texto será sobre o livro Olhe nos meus Olhos, de John Elder Robison, e traz também algumas considerações e reflexões sobre ele. Espero por vocês!

 

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