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Como contar ao meu filho sobre o autismo do irmão?

denise-aragão

Se você tem outros filhos além daquele que tem autismo, muito provavelmente este questionamento já passou, passa ou passará pela sua cabeça.

Como será que seu filho receberá a notícia de que seu irmão tem autismo? Será ele capaz de entender todos os desdobramentos desta situação? Saberá ter discernimento e paciência todas as vezes em que for necessário? Será compreensivo e amoroso com o irmão mesmo nos momentos em que não houver reciprocidade?

Estas são perguntas complexas que comportam respostas variadas e, inúmeras vezes, imprevisíveis. E, como quase tudo relacionado ao autismo, esta pergunta também não tem uma resposta padrão. Entretanto, existem alguns aspectos da situação que podem e devem ser levados em conta no momento de tomar uma decisão: crianças menores de 5 anos de idade dificilmente compreenderão o real significado do termo autismo podendo, até mesmo, se assustar e criar um bloqueio a respeito. Portanto, se você acredita que é chegado o momento de contar ao seu filho sobre a condição de seu irmão, evite esta terminologia.

Procure fazer uma abordagem que enfatize as diferenças. Com uma linguagem simples, clara e objetiva, mostre ao seu filho que TODOS nós somos diferentes, e que aprender a conviver e respeitar as diferenças, sejam elas quais forem, é fundamental para todos.

Algumas crianças podem, neste momento , fazer alguma referência ao próprio irmão. Se este for caso, aproveite a oportunidade e explique que o irmão também é diferente e é por este motivo que, em alguns momentos, ele precisa receber ajuda para realizar algumas atividades.

É possível que surjam algumas perguntas, tais como: “Por que meu irmão não fala?”, “Por que ele ainda não sabe tomar banho/comer/se vestir/ se calçar sozinho?”, “Por que ele agita as mãos/anda na ponta dos pés/balança o corpo/corre de um lado para o outro?”. Seja objetiva e prática em sua resposta. Explique que o irmão não fala, toma banho e se veste sozinho porque AINDA está aprendendo mas que, em breve, saberá realizar tais tarefas sem auxílio. Aproveite para solicitar sua colaboração neste momento, enfatizando o quanto a participação dele ou dela é importante para o desenvolvimento do irmão.

Ensine que as pessoas podem ter formas diferentes de expressar as emoções. Por este motivo, seu irmão agita as mãos, anda na ponta dos pés ou corre de um lado para o outro quando está muito feliz, ansioso ou estressado, por exemplo. Se seu filho ou filha é mais velho, o ideal é que você seja sincera, mas de forma cuidadosa e sutil. Caso seu filho ainda não tenha percebido a condição do irmão, você pode começar listando algumas atividades que ele já fazia com aquela idade e que o irmão ainda não faz. Explique que isto acontece porque o ritmo do irmão é diferente. É provável que seu filho pergunte o porquê; neste momento, então, fale sobre o autismo de forma geral.

Caso ele/ela não faça mais perguntas, dê um tempo para que a notícia possa ser absorvida. Crianças e adolescentes também são impactados pelo diagnóstico, assim como acontece com os adultos. Contudo, deixe claro para seu filho que se ele quiser maiores informações, você estará pronta para responder às suas indagações.

Se seu filho/filha apresentar perda ou aumento acentuado de apetite, preocupações excessivas em relação ao irmão, tristeza ou apatia sem fundamento, choro, irritabilidade ou, de uma hora para a outra, exibir bruscas mudanças de comportamento, pode ser necessário recorrer à ajuda terapêutica especializada. Lembre- se que o diagnóstico de autismo afeta a todos na família, sem distinção.

Alguns filhos reagem de forma mais positiva; outros, nem tanto. Existem aqueles que abandonam seus próprios lutos muito rapidamente, enquanto outros levam mais tempo para fazê-lo. A grande maioria “abraça” a causa e se torna o melhor irmão que seu filho com autismo poderia ter. Independente da idade que seu filho tenha, o mais importante é que você seja extremamente positiva e pró-ativa em sua abordagem. Evite lágrimas e desespero na frente dele/dela. Diga a ele/ela o quanto você tem esperança e acredita na evolução do irmãozinho.

A reação de seu filho dependerá, em grande parte, da forma como você conduzirá esta explicação. Lembre-se que você é o PORTO SEGURO de seus filhos, sejam eles autistas ou não.

Denise Aragão

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