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O papel das vitaminas no TEA

O papel das vitaminas no Transtorno do Espectro do Autismo: O que nós sabemos?

PARTE I

Para iniciar o ano de 2019, iremos discutir sobre uma revisão que abordou o tema Vitaminas para o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). O que de fato nós sabemos sobre a importância das vitaminas para o TEA? Em quais funções do desenvolvimento elas podem contribuir? O artigo discutido hoje foi publicado final do ano passado na revista Journal of Molecular Neuroscience.

Fatores comportamentais presentes em pacientes com TEA, como estereotipias e limitado interesse em determinadas atividades, podem ser sobrepostos a aspectos relacionados à nutrição. Por exemplo, o consumo de limitada variedade de alimentos, preferências por determinados alimentos de mesma cor, textura, formato ou a insistência em utilizar sempre os mesmos utensílios no momento das refeições. Os fatores relacionados à alimentação de pacientes com TEA são pontos diários de preocupação de pais e cuidadores.

A importância de ter uma alimentação equilibrada envolve um bom funcionamento do organismo de maneira geral, além de ser de extrema importância para o metabolismo de determinados neurotransmissores¹.  A curto e longo prazo, uma nutrição inadequada pode gerar riscos à saúde e ao desenvolvimento da criança e do adolescente.

 

Vitaminas do Complexo B

            Essas vitaminas são essenciais para um apropriado funcionamento neuronal. Alguns estudos já reportaram um risco aumentado para doenças do desenvolvimento quando há deficiência dessas vitaminas.

O ácido fólico, por exemplo, atua como coenzima² em vias metabólicas e participa de processos de proliferação celular, síntese de DNA e funções imunológicas. Durante a gestação, este micronutriente é muito importante pois contribui com o crescimento fetal e desenvolvimento do cérebro do bebê. Dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES II)³ apontam que apenas 10% das gestantes apresentam os níveis adequados de ácido fólico recomendados para o período da gestação.

A deficiência de vitamina B12 está relacionada com déficits cognitivos e anemia. Um estudo com 48 pacientes com TEA, tratados com uma combinação de vitamina B12 e ácido fólico, apresentaram resultados positivos para a normalização de níveis de determinados antioxidantes; além disso, houve melhora de alguns aspectos comportamentais dos pacientes segundo a escala Clinical Global Impressions-Improvement (CGI-I).

Piridoxina, vitamina B6, é uma importante coenzima presente no metabolismo de aminoácidos, carboidratos e lipídios. Resultados preliminares demonstram que a suplementação dessa vitamina – a fim de atingir os níveis adequados – pode trazer benefícios nos aspectos comportamentais de pacientes com TEA. Além disso, este micronutriente também está envolvido no desenvolvimento do sistema nervoso.

A vitamina B1, conhecida como Tiamina, está relacionada à algumas doenças neurológicas. Estudos demonstram que um inadequado consumo de B1 pode estar relacionado ao risco de TEA.

É importante salientar que muitos estudos têm amostras pequenas e ainda resultados não conclusivos sobre os níveis e intervenções de vitaminas em pacientes com TEA. Oficialmente, não existe nenhuma indicação de suplementação de qualquer vitamina para tratar o TEA. É fundamental lembrar que os pacientes são diferentes nos seus aspectos biológicos e comportamentais, fazendo com que uma avaliação individualizada determine a necessidade de suplementação ou não.

No próximo post falaremos sobre as demais vitaminas!

  1. Substancias químicas produzidas pelos neurônios.
  2. Molécula não organiza que está associada a uma enzima para o seu funcionamento.
  3. https://www.cdc.gov/nchs/nhanes/index.htm

 

Referência: Bjørklund G, Waly MI, Al-Farsi Y, Saad K, Dadar M, Rahman MM, Elhoufey A, Chirumbolo S, Jóźwik-Pruska J, Kałużna-Czaplińska J. The Role of Vitamins in Autism Spectrum Disorder: What Do We Know? J Mol Neurosci. 2019 Jan 3. doi: 10.1007/s12031-018-1237-5. [Epub ahead of print] Review. PubMed PMID: 30607900.

 

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