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Algumas dicas sobre a Conscientização do Autismo

Tradicionalmente, no mês de abril, escrevo sobre a conscientização do Autismo neste espaço.

Já abordei as diversas conquistas que aconteceram não apenas no estado do Rio de Janeiro, mas em todo o país, como também mencionei as inúmeras mazelas que afligem os autistas brasileiros e seus familiares.

É verdade que avançamos em alguns aspectos, mas estamos a anos-luz do cenário minimamente desejável, precisando evoluir em questões primordiais, tais como diagnóstico precoce, tratamento adequado, inclusão escolar, inclusão no mercado de trabalho e moradia assistida, por exemplo.

Todos nós, mães e pais de autistas, sabemos o quanto é difícil conviver com o desconhecimento e o preconceito da sociedade, além de ter que lidar com todas as dificuldades listadas anteriormente.

Por esse motivo, em 2019, pensei em escrever algo diferente para esta data…

E se pudéssemos listar algumas dicas básicas para que as pessoas ao nosso redor pudessem compreender um pouco mais sobre as questões do Transtorno do Espectro Autista?

Segue, então, minha sugestão:

  1. Ao se dirigir a uma pessoa com autismo, jamais use a expressão: “ele tem um problema/probleminha, né?”. Problema temos nós, que temos contas a pagar, pendências a resolver todos os dias. Longe de ser um simples capricho nosso, usar o termo correto para se referir à condição de nossos filhos significa empatia e respeito para com eles. Portanto, o termo correto é Transtorno do Espectro Autista.
  2. JAMAIS use expressões como “mal-educado”, “sem educação”, “birrento” quando vir uma criança e/ou adolescente apresentando um comportamento que você desconhece. Muito provavelmente, aquela criança/adolescente que você insiste em rotular como mal-educado(a) tem autismo e você perdeu um tempo precioso julgando uma situação que desconhecia.
  3. Pessoas com TEA podem se desorganizar em lugares públicos por razões sensoriais – em um shopping lotado e muito barulhento, por exemplo – e apresentar alterações comportamentais. Se isso acontecer com alguém próximo a você, em algum local público, não fique olhando, comentando, cochichando e/ou criticando a ação dos pais. Atitudes como essas não agregam em nada, apenas magoam a pessoa com autismo e seus familiares. Em vez disso, aproxime-se e ofereça ajuda, perguntando se você pode ser útil de alguma forma naquela situação.
  4. Quando for falar com alguma pessoa com autismo, aja com naturalidade. Não trate adultos com TEA de forma infantilizada. Lembre-se também de que autistas não verbais compreendem o que falamos, portanto FALE com eles. É muito comum as pessoas falarem sobre as pessoas com TEA na presença desses, como se ali não estivessem.
  5. Conselhos são bem-vindos, mas CRÍTICAS destrutivas NÃO!!! Não critique uma realidade que você sequer sonha em conhecer, pois, justamente por este motivo, terá dificuldades em opinar a respeito. Uma vez mais: o dedo que se levanta para apontar seria melhor aproveitado caso se tornasse uma mão estendida.
  6. Evite julgamentos! Mães de autistas costumam ser julgadas e “condenadas” com muita frequência, pelos mais diversos motivos: ora porque somos ansiosas demais; porque nos preocupamos em demasia com o futuro ou porque estamos estressadas. A grande verdade é que, como todo e qualquer ser humano, também cometemos erros, mas estamos sempre nos superando e nos doando todo o tempo. Em alguns dias, podemos chegar ao limite de nossas forças e tudo o que NÃO precisamos é que alguém nos julgue.
  7. Jamais faça comparações. Pessoas com autismo são diferentes umas das outras, apresentando uma evolução própria, característica de cada um. Não existe um autista igual ao outro. Assim sendo, evite comentários como estes: “Mas Joãozinho AINDA não fala/escreve/lê? Porque o filhinho da XXX, que também tem autismo, já fala/escreve/lê há um tempão e tem a mesma idade do Joãozinho…”.
  8. Este item em especial se aplica à família e todos aqueles que podem colaborar. “Mãe especial, guerreira, escolhida, tenho muita admiração por você”.  Todos esses adjetivos são lindos e emocionam muito, mas se tornam vazios e sem propósito se não forem acompanhados de ações práticas. O fato de sermos “especiais” ou “escolhidas” não significa que não precisamos de ajuda. Se você nos admira, ofereça-se para ficar uma tarde com o sobrinho/neto/afilhado, para que possamos caminhar no parque, dar uma volta no shopping ou tomar um café com as amigas. Se não dispor desse tempo, esteja disponível para nos ouvir. Às vezes, uma simples conversa é tudo do que precisamos… Lembre-se de que é necessário e vital cuidar de quem cuida.
  9. Se na classe de seu filho, na escola, existe uma criança/adolescente com autismo ou com qualquer outro transtorno, síndrome ou deficiência, NUNCA deixe de convidá-lo para as festas de seu filho, quando você as fizer. Parece absurdo, mas essas situações acontecem com frequência e MACHUCAM nossa alma e sangram nosso coração. Tenham EMPATIA! Pensem em como vocês se sentiriam se agissem dessa forma com seus filhos …
  10. E, finalmente, o último item deste guia… Importantíssimo: não utilize o termo autismo de forma depreciativa! Em nenhuma circunstância, use o termo para ofender ou depreciar alguém ou alguma situação. Autismo não é xingamento! É uma condição e as pessoas com autismo exigem e merecem todo nosso respeito, carinho e amor.

Poderia listar tantas e tantas outras dicas, pois sabemos que há muito mais a se dizer. Então sigamos em frente, porque conscientizar é preciso e desistir NUNCA foi uma opção.

Mas não tememos, porque perseverança é nosso nome do meio!

Denise Aragão.

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