Ao contrário da ingestão dos adultos, que pode ocorrer isoladamente, a alimentação humana infantil está sempre inserida em um contexto social. Durante a alimentação, os recém-nascidos recebem nutrientes, suporte físico e se acalmam com o toque. Outros intercâmbios sociais também são parte integrante da situação alimentar, e isso inclui o olhar mútuo, o sorriso, e as interações auditivas. O indivíduo, enquanto criança, confia em seus cuidadores para se alimentar. A influência social e o aprendizado relativo à alimentação começam cedo, de modo que os dois primeiros anos de vida parecem ser fundamentais no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. Nos vinte e quatro primeiros meses da vida de uma criança, os novos alimentos são mais facilmente aceitos. Uma vez estabelecidos os hábitos alimentares, eles tendem a ser estáveis no decorrer dos anos e influenciarão o comportamento subsequente, o crescimento, o peso e a vida adulta do indivíduo.
Os pais e cuidadores são o meio de acesso durante a fase de desenvolvimento e aprendizagem da criança, principalmente no que diz respeito à alimentação. Os pais, responsáveis pela compra e preparo dos alimentos, servem como modelo para o comportamento alimentar adequado e determinam a estrutura das refeições e lanches das crianças. A disponibilidade e acessibilidade influenciam nas escolhas alimentares das crianças: o alimento facilmente acessado e consumido tem maior probabilidade de ser escolhido e consequentemente consumido.
Quando o ambiente doméstico é desorganizado, se observa propensão à visualização da televisão durante as refeições e maior consumo de alimentos calóricos ricos em gordura e açúcar. A dieta dos pais em si também deve ser o foco na mudança e eles devem ser encorajados a reconhecer que o seu próprio comportamento alimentar é a fonte mais importante de informação para seus filhos. Estudos detectaram maior consumo de frutas e hortaliças em crianças e adolescentes que faziam refeições mais saudáveis junto com os pais. Esse fato reforça a ideia de que a modelagem do comportamento das crianças e adolescentes pode ser influenciada pelos pais, que transmitem a mensagem subliminar “faça o que eu faço” em vez de “faça o que eu digo”.
Fatores que estimulam a criança a experimentar novos alimentos | Fatores associados positivamente ao maior consumo de vegetais pelas crianças |
Aprendizagem experiencial (paladar saboroso e experiências alimentares, exposição repetida, sensorial baseado em aprendizagem, calendário e variedade de introdução). | Efeitos ambientais (disponibilidade, acessibilidade). |
Conhecimento, atitudes, crenças e comportamentos dos pais (consumo e modelagem). | Normas e rotinas (refeições familiares, estrutura, definição de limites e expectativas de consumo). |
Efeitos ambientais (disponibilidade e acessibilidade de vegetais). | Fatores socioeconômicos (custo, renda e educação). |
Estilos e práticas de alimentação parental (estilos de alimentação responsiva, uso da negociação, raciocínio e transferência de conhecimento, incentivos apropriados). | Preparação e apresentação de alimentos (legumes preparados em casa, porção e tempo de oferta no dia). |
Ingestão de vegetais pelos pais. |
Cristiane Lázaro, Nutricionista
Milena Pereira Pondé, Psiquiatra
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