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A escrita e o adeus: nos vemos nas esquinas da vida!

Ah, a escrita! Esta paixão que anda de mãos dadas com a leitura e que me acompanha há tantos anos…

Afinal , “O gosto pela escrita cresce à medida que se escreve”, como dizia Rotterdam.

Quando menina, tinha entre 3 e 4 diários por ano. Já adolescente, mantive o hábito de escrever todos os dias em uma agenda. Hábito este  cultivei até a vida adulta, ainda que de forma mais comedida, com anotações mais objetivas.

E assim que, quando comecei a suspeitar de que o desenvolvimento do João Pedro pudesse estar atrasado em relação a seus pares, esta escrita se tornou novamente intensa, porque nela que eu “me acolhia”, desabafava e até mesmo buscava respostas naquele longínquo e solitário ano de 2006.

Quando, em março de 2013, recebi o convite para começar a escrever esta coluna, devo confessar que, muito embora tenha ficado extremamente feliz, imaginei que apenas as pessoas mais próximas fossem ler os textos que escreveria. Afinal, não passavam de “desabafos de uma mãe” que, em muitos momentos de solidão, angústia e até mesmo de medo, utilizava-se da escrita para externalizar seus sentimentos.

Após a publicação dos primeiros textos, qual não foi minha surpresa, comecei a receber inúmeras mensagens de famílias mencionando o quanto haviam se identificado com a leitura, com as situações narradas ou com o sentimento descrito. O feedback que recebi foi maravilhoso e percebi o quanto haviam mulheres vivendo e sentindo o mesmo sentimento que eu havia experimentado anos atrás e que, na verdade, eu nunca estive sozinha. Apenas não sabia que havia tantas outras famílias na mesma situação em que eu me encontrava.

Muitos textos foram compartilhados inúmeras vezes e atingiram um alcance que jamais sonhei que poder alcançar! A coluna cresceu e deu vida a um livro. “Eu , meu filho e o Autismo: Uma Jornada Inesperada”, um “filho” muito querido que guardo com enorme amor em meu coração.

A última década em nosso país foi permeada de conquistas e avanços, frutos da luta dos Autistas e de seus familiares. Muita coisa mudou, mas muito mais precisa ser feito. Inúmeras redes de apoio foram criadas Brasil afora por vários grupos de familiares, entidades e ativistas da causa autista.

Durante estes quase 8 anos escrevendo neste espaço, vivi inúmeras alegrias! Fiz amigos e, principalmente, aprendi muito com todos vocês. Cada mensagem recebida, cada telefonema, e-mail, relato, sempre lido com muito carinho, me trouxe ensinamentos e foi sempre recebido como um abraço.

Contudo, a vida é feita de ciclos, fases. E, como amante dos livros que sou, porque não dizer , “capítulos”. E, para que um novo capítulo comece, é preciso encerrar o anterior. Hoje, encerro aqui este lindo capítulo de minha jornada. Sobretudo feliz, pois sei que pude partilhar e aprender com vocês.

Muito obrigada a cada um que me acompanhou nesta caminhada. Meu muito obrigada ao Instituto Priorit pelo convite, pela confiança, pelo carinho de sempre e pela parceria!

A gente se vê por aí, nas esquinas da vida deste universo azul.

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