O transtorno do espectro do autismo (TEA) é caracterizado pela deficiência nas habilidades de comunicação e interação na vida social do indivíduo, além de um padrão de comportamentos repetitivos e alterações sensoriais. Esse transtorno se apresenta de forma muito diversificada, tanto em relação aos sintomas quanto ao grau de acometimento. Pessoas com TEA são resistentes à mudanças e têm uma estreita faixa de interesses, que pode se estender até aos alimentos que consomem. Em crianças com TEA, frequentemente são relatados hábitos alimentares incomuns, além de um leque restrito de escolhas alimentares. Não é fácil determinar precisamente por que algumas dessas crianças apresentam problemas para comer, porque inúmeros são os fatores intervenientes.
A seletividade alimentar é frequentemente relatada pelos pais e representa um problema importante, pela possibilidade de estar associado a uma nutrição inadequada. Vários fatores, dentre eles os sensoriais como cheiro, textura, cor e temperatura, podem contribuir para este comportamento. O fato de muitos autistas não desenvolverem habilidades relacionadas à comunicação, dificulta a expressão de desejos ou necessidades relacionadas aos alimentos – fome, saciedade, preferências alimentares. A dificuldade no aprendizado também influencia o comportamento durante as refeições diante do manuseio de utensílios como o garfo, a colher e a faca. Além desses aspectos, a resistência a novas experiências e o interesse restrito por determinadas atividades e objetos, que pode se tornar repetitivo, podem refletir negativamente na ingestão e inclusão de novos alimentos na dieta. Problemas orgânicos relacionados ao trato gastrointestinal também são frequentemente associados ao TEA, incluindo a disbiose, doença inflamatória intestinal, insuficiência pancreática exócrina, doença celíaca, má digestão, má absorção, intolerância alimentar e alergia alimentar, levando à deficiências de vitaminas e desnutrição.
Diante da complexidade que envolve esse tema, nesse primeiro semestre de 2019, discutiremos alguns aspectos relacionados à alimentação de crianças e adolescentes com TEA.
Milena Pereira Pondé – Psiquiatra
Cristiane Pinheiro Lázaro – Nutricionista
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