Autismo para pais

As preferências alimentares

Seguimos hoje com o tema dos desafios enfrentados pela família com a alimentação das crianças com TEA.

As mães relatam preferências alimentares que se referem a alimentos que as crianças priorizam em relação a outros. Em outras situações, não ocorrem apenas preferências, mas restrições alimentares, de modo que algumas crianças fazem escolhas específicas, evitando vários tipos de alimentos, segundo alguns critérios.

Em relação às preferências, algumas mães indicam os alimentos que mais atraem as crianças e os mais frequentemente consumidos. Há referências ao frequente consumo de arroz, feijão (variando entre só o caroço ou só o caldo ou caroço com o caldo), batata inglesa, sopa liquidificada ou com legumes inteiros e macarrão, principalmente o instantâneo.

Foi também relatado um alto consumo de “besteiras” ou “porcarias”. Essas são expressões pejorativas para denominar alimentos com alto teor calórico, mas com níveis reduzidos de nutrientes. Além disso, esses alimentos são carentes ou desprovidos de fibras dietéticas e proteínas, e são, em geral, compostos por vários aditivos alimentares, altos teores de açúcar, sal ou gordura saturada. No rol desses alimentos, encontram-se diversos biscoitos – principalmente os recheados –, pão recheado de queijo, embutidos ou na forma de hambúrguer, manteiga, farinha, salgadinhos à base de milho, tipo Cheetos e Fandangos, refrigerantes, pizza, pipoca, batata frita, sorvete e picolé, chocolate e achocolatados, iogurte cremoso, carne e embutidos com alto teor de gordura, principalmente calabresa e bacon.

Perguntamo-nos de que forma essas preferências, em muitos casos por alimentos pouco nutritivos, estabelecem-se. Algumas mães informam que essas preferências se iniciam através de irmãos ou primos que consomem os alimentos descritos e oferecem à criança; através de outras crianças na escola ou, até mesmo, por elas mesmas, que oferecem esses alimentos porque consideram que é uma forma de fazer a criança feliz. Há ainda mães que oferecem esses alimentos para, através deles, tentar convencer a criança a comer outros alimentos – por exemplo, na tentativa de que seus filhos aceitem alimentos sólidos.

A compreensão de como essas preferências se estabelecem nos leva a pensar no papel dos familiares no estabelecimento desses hábitos alimentares inadequados, que podem não ter relação apenas com o autismo, mas com a forma dos pais lidarem com a criança.

 

Cristiane Lázaro – Nutricionista

Milena Pereira Pondé – Psiquiatra

 

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