Autismo para pais

Dicas para lidar com o isolamento das crianças com TEA

Este é um tema muito difícil de ser abordado porque, na verdade, não havíamos pensado nele até agora. Quem poderia imaginar, há dois meses, que estaríamos vivenciando esta situação?

O que parece muito evidente é que o isolamento impacta sociedades mundo afora de maneiras distintas. E, quando pensamos no grupo de pessoas com transtorno do espectro de autismo, isso também é verdade. Ou seja, algumas destas pessoas irão passar sem maiores problemas por este período, enquanto outras apresentarão severas dificuldades.

Estima-se que aproximadamente 3 bilhões de pessoas no do mundo estejam experimentando alguma forma de isolamento social e falta de acesso a serviços devido a este isolamento. O impacto sobre sociedades em que tradicionalmente as pessoas têm uma alta mobilidade relacional, como o Brasil, tem sido maior. Para nós, interações mais próximas e até mais íntimas, como nos cumprimentarmos com abraços e beijos, faz parte da dinâmica social cotidiana. Já em países como o Japão e a Coréia do Sul, estas formas de relacionamento social são totalmente diferentes e menos intimistas.

Quando pensamos nas crianças com TEA, devemos lembrar o quanto a manutenção diária das rotinas é importante para o seu bom funcionamento comportamental. Desse modo, manter estas crianças em casa, longe das escolas e de seus terapeutas, representa um enorme desafio.

E, mais preocupante, não sabemos por quanto tempo isto vai ser necessário.

Para minimizar o impacto do isolamento sobre o comportamento de nossas crianças, vou dar algumas dicas que podem ajudar nesse momento:

  1. Devemos tentar manter dentro de casa algumas rotinas, como a hora de acordar, de dormir, do banho, das refeições e até mesmo das brincadeiras. Inspire-se na rotina prévia da criança e tente mantê-la o mais semelhante possível.
  2. Sempre digo que a família das crianças com TEA faz parte da equipe terapêutica. Em tempos “normais”, a família já exerce um papel fundamental para dar seguimento e continuidade às intervenções dentro de casa. Nesse momento, isso será ainda mais importante. Embora os pais não tenham formação técnica específica, é totalmente possível que eles recebam orientações dos terapeutas e realizem parte das intervenções em casa. E eu estou me referindo, inclusive, aos treinamentos de comportamento social e verbal.
  3. Mantenham contato com os profissionais que atendem seu filho, seja por telefone ou por vídeo. Isso tornará a volta às terapias mais fácil daqui há algum tempo, evitando longos períodos de readaptação.
  4. Utilize a técnica de “histórias sociais” para explicar à criança o que está acontecendo no mundo e a importância dos cuidados que ele precisará ter a partir desse momento. Peça para uma das terapeutas ajudar a montar esta “história social”.
  5. Aproveite este momento em que você estará mais próximo de seu filho para integrá-lo às atividades da casa. Mesmo crianças pequenas podem ajudar em pequenas tarefas, como separar e guardar as roupas nas gavetas, recolher os brinquedos esparramados pela sala e arrumas as camas. Assim, você trabalhará as atividades de vida diária e criará um sentimento de autonomia na criança.
  6. É inevitável que haja momentos de ócio. Então, aproveite para conversar e tente explicar à criança que todos estamos passando por esta situação juntos e que, em alguns momentos do dia, realmente não haverá muito a se fazer.

Enfim, se já não havia uma receita de bolo para lidar com o comportamento das crianças antes, nesse momento isso é ainda mais verdadeiro. Este desafio é para todos os pais, sejam seus filhos típicos ou atípicos.

 

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