Este mês foi lançado um livro muito interessante de uma autora que eu gosto muito. Eu já tive o prazer de lê-lo e quero dividir com vocês: “Pelo Direito de Pertencer – Um Livro sobre Autismo e Inclusão”, da Michelle Malab.
A Michelle é escritora, palestrante, graduanda em Psicologia e teve seu diagnóstico de síndrome de Asperger na vida adulta, após seu filho ter sido diagnosticado com transtorno do espectro autista em 2005. Eu já havia lido outras obras da mesma autora como a “Menina Aspie” e “Na Montanha Russa – Vivendo a Maternidade no Autismo”. Mas “Pelo Direito de Pertencer” me surpreendeu ainda mais positivamente.
Esse livro tem uma particularidade muito interessante. Ele foi escrito por uma pessoa com autismo falando de suas vivências com outra pessoa com autismo, seu filho.
Em um trecho muito interessante, Michelle nos fala sobre como crianças no TEA podem ser rotuladas segundo um falso estereótipo do autismo que faz parte do imaginário coletivo. Mais do que isso, como as consequências deste rótulo podem se estender às pessoas próximas da criança. Infelizmente, não é raro que o leigo ainda veja o autismo como uma “supercapacidade”. Assim, imagina que TODOS os autistas são, via de regra, pessoas capazes de executar feitos extraordinários por apresentarem este transtorno do neurodesenvolvimento.
Há um outro capítulo (“A mãe do autista”) que também me fez refletir bastante, como homem e, principalmente, como pai. Nesse trecho da obra, a autora ressalta que quando uma mulher se torna mãe ocorre, quase que instantaneamente, uma quebra em sua identidade. Suas prioridades passam a ser as “prioridades do bebê”. Mas, quando uma mãe recebe o diagnóstico de autismo de seu filho, há uma nova quebra de identidade. Neste momento, a “mãe” se transforma na “mãe da criança com autismo”. Isso traz consigo muitas novas responsabilidades, preocupações e inseguranças.
Discute-se, ainda, no capítulo “O filho invisível” a posição do irmão da criança autista. Ou seja, é natural que quando temos um filho com determinada deficiência, muito de nosso esforço, dedicação e tempo seja destinado aos cuidados desta criança, o que pode tornar o irmão um mero coadjuvante no contexto familiar. Perceber que toda a atenção familiar está dirigida ao irmão com a deficiência pode gerar impactos importantes sobre o comportamento desta criança típica.
“Pelo Direito de Pertencer” é um livro é gostoso, leve, realista e que nos faz refletir a respeito de situações cotidianas que envolvem pessoas no TEA e suas famílias.
Indico a leitura para quem convive com uma criança autista e para quem não convive, pois a luta pela inclusão passa, necessariamente, pelo conhecimento.
Mais artigos do Doutor Paulo Liberasso no blog Autismo para pais.
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