Na última semana, o Center for Disease Control and Prevention (CDC) divulgou os novos números da prevalência de Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos Estados Unidos. Os dados publicados foram coletados em 2016 pelo Autism and Developmental Disabilities Monitoring (ADDM) Network, grupo patrocinado pelo CDC para avaliar o número de crianças com TEA e outras desordens de neurodesenvolvimento em diferentes áreas dos Estados Unidos.
A estimativa mais recente de prevalência de TEA é de 18.5 por 1.000 crianças com oito anos. Isso significa que, a cada 54 crianças com 8 anos de idade nos Estados Unidos uma tem o diagnóstico de TEA. Isso é aproximadamente 10% maior que a estimativa de prevalência de 16.8, publicada em 2014, e aproximadamente 175% maior que as primeiras estimativas, relatadas pela ADDM em 2000 e 2002. Esses números alertam quanto à importância do acompanhamento dos bebês e crianças em seu desenvolvimento. Adicionalmente, essa alta prevalência deve servir não apenas para práticas clínicas serem refletidas, mas também para políticas de saúde pública.
O relatório ainda apontou que mais de 95% dos pacientes com TEA tem alguma outra comorbidade associada (epilepsia, problemas gastrointestinais, distúrbios do sono). O custo anual com tratamento para o TEA nos Estados Unidos é de 238 bilhões de dólares e deve aumentar para 461 bilhões até 2025.
O diagnóstico precoce é crucial: 84% das crianças com até 36 meses foram rastreadas para autismo nos 11 locais avaliados neste estudo. Este número havia sido 10% menor dois anos atrás. É de extrema importância que pais e médicos acompanhem a evolução dos marcos de desenvolvimento das crianças.
O diagnóstico de TEA continua sendo clínico, mas, atualmente, o avanço da ciência permite ir além das avaliações da sintomatologia, com outros fatores sendo incluídos no processo de avaliação como ferramentas auxiliares, como exames genéticos e verificação de comorbidades associadas.
Mesmo sendo o estudo mais fidedigno sobre prevalência de TEA nos Estados Unidos, os autores apontam algumas limitações. As análises dependerem de documentos pré-existentes quanto aos casos diagnosticados é uma delas. O acesso reduzido a registros, registros incompletos ou ambos, pode levar a uma subestimação do número de crianças identificadas como portadoras de TEA. Além disso, é discutido o fato de o estudo não ter uma avaliação em todo o território nacional.
O diagnóstico precoce de TEA deve ser uma meta de saúde pública para todos os países. Dessa maneira, pode ser estabelecida uma intervenção precoce adequada, com consequentes melhores prognósticos.
Referência:
Maenner MJ, Shaw KA, Baio J, et al. Prevalence of Autism Spectrum Disorder Among Children Aged 8 Years — Autism and Developmental Disabilities Monitoring Network, 11 Sites, United States, 2016. MMWR Surveill Summ 2020;69(No. SS-4):1–12.
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