O termo ”plasticidade” foi aplicado ao contexto do cérebro pela primeira vez em 1890 por William James, filósofo e psicólogo americano, e o termo ”neuroplasticidade” foi usado pela primeira vez em 1948 por Jerzy Konorski, neurofisiologista polonês. Essas palavras se tornaram numa espécie de termos “guarda-chuva” para definir diversas alterações estruturais e funcionais que podem ocorrer no cérebro ao longo da vida.
A neuroplasticidade (plasticidade cerebral ou plasticidade neural) é a notável capacidade que o cérebro tem de mudar ou de se adaptar por meio de alterações fisiológicas resultantes da interação com o ambiente. Esse é um processo dinâmico, que permite uma adaptação a diferentes experiências e que contribui para a aprendizagem ou o ‘re-aprender’.
Alguns períodos são intimamente relacionados à plasticidade, como a infância, onde os sistemas neurais estão ”mais dispostos” a aprender ou a se adaptar. Além disso, fatores como um ambiente enriquecido e motivação externa são importantes propulsores para a plasticidade. Nos últimos anos, estudos apontam que um estilo de vida saudável (atividade física, dieta balanceada, um padrão de sono adequado e até o hábito de ler) pode induzir efeitos positivos na plasticidade cerebral.
Mas como isso acontece? Quando vivenciamos novas experiências, o cérebro estabelece novos caminhos neurais, com neurônios interligados e pela prática repetida, a comunicação entre esses neurônios – a comunicação sináptica – é fortalecida e essa trajetória permite o processo de adaptação e aprendizado. A maior parte do crescimento axonal ocorre nos primeiros anos de vida, seguida de fases de desenvolvimento dendrítico e, posteriormente, na consolidação de conexões e circuitos neurais que serão carregados para a vida adulta.
E por que falamos em neuroplasticidade no autismo? Essa pergunta pode ter inúmeras vertentes para sua resposta: conectividade, mielinização, poda neural, reabilitação cognitiva e genética, dentre outras. Entretanto, o que eu gostaria de salientar é a relação entre a idade e o início das intervenções. Sabemos que, o quanto antes os pacientes iniciarem os tratamentos com intervenções adequadas, maiores são as chances de um melhor prognóstico. Isso se deve também à plasticidade na infância. O gráfico abaixo, traduzido e adaptado* mostra o efeito positivo da intervenção precoce na diminuição de doenças crônicas não transmissíveis, além das efetivas respostas para a capacidade funcional.
Referencias:
*Baird J, Jacob C, Barker M, et al. Developmental Origins of Health and Disease: A Lifecourse Approach to the Prevention of Non-Communicable Diseases. Healthcare (Basel). 2017;5(1):14. Published 2017 Mar 8. doi:10.3390/healthcare5010014
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Berger JM, Rohn TT, Oxford JT. Autism as the Early Closure of a Neuroplastic Critical Period Normally Seen in Adolescence. Biol Syst Open Access. 2013;1:10.4172/2329-6577.1000118. doi:10.4172/2329-6577.1000118
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