Apesar de atualmente a literatura descrever fatores genéticos com um peso importante para a origem do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e demais desordens de neurodesenvolvimento, se sabe que os fatores ambientais também têm o seu papel neste processo, apesar de mecanismos ainda desconhecidos.
Alguns estudos apontam que fatores ambientais, como a presença de certos metais durante a gestação ou o início da vida, podem estar associados a desordens de neurodesenvolvimento como o TEA. Metais como zinco, manganês e cobre são essenciais ao metabolismo humano e têm um papel crucial ao neurodesenvolvimento; entretanto, quando em excesso, podem ser prejudiciais.
O estudo apresentado hoje investigou a associação entre os altos níveis de metais em gestantes e bebês recém-nascidos (até 9 meses de idade). O objetivo era verificar a associação com o neurodesenvolvimento, bem como com o TEA. Foi usada uma análise chamada espectrometria de massa (mass-spectometry) para quantificar, por meio de tecidos dentários, elementos como níquel, cobre, magnésio, manganês, zinco e cromo. Essa técnica é usada para detectar, identificar e caracterizar moléculas em amostras específicas.
Acredita-se que o sistema bioenergético, ou seja, que produz energia, esteja envolvido nessa comunicação entre os altos níveis de metais e os processos de neurodesenvolvimento. Isso porque organelas, como as mitocôndrias, são altamente sensíveis às questões ambientais tais como exposição a nutrientes e a metais tóxicos. Alguns estudos sugerem que a exposição aos metais pesados no início da vida estão ligados a fatores fisiológicos de longo prazo, os quais poderiam causar alterações como o TEA.
Os resultados do estudo apontam níveis aumentados de zinco, cobre e manganês em gestantes. Constatou-se que a exposição a metais durante gestação foi associada à variação da bioenergética do metabolismo na infância em crianças com TEA e outras desordens de neurodesenvolvimento. As fontes da exposição não foram examinadas, mas as análises nos bebês recém-nascidos têm como fonte principal a dieta materna. Por esse motivo, se sugere que o monitoramento desses metais durante o pré-natal pode ser importante para garantir a função mitocondrial ideal e o neurodesenvolvimento adequado do feto.
Referência:
Frye RE, Cakir J, Rose S, et al. Early life metal exposure dysregulates cellular bioenergetics in children with regressive autism spectrum disorder. Transl Psychiatry. 2020;10(1):223. Published 2020 Jul 7. doi:10.1038/s41398-020-00905-3
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