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O cérebro atípico e suas conexões

Atualmente, grupos de pesquisa do mundo inteiro têm buscado investigar o Transtorno do Espectro
Autista (TEA) por meio de diferentes tipos de exames de neuroimagem. Um desses exames é a
Ressonância Magnética Funcional, um exame onde se avaliam os resultados analisando as respostas
à atividade cerebral.

Em 2019, a renomada revista científica Nature Communication publicou um artigo discutindo como,
apesar de um amplo conhecimento sobre as características do TEA, ainda há muito a se explorar
sobre o paradoxo de baixa e alta funcionalidade entre os pacientes através dos exames de
neuroimagem.

Uma das grandes vantagens de usar a ressonância magnética é que podemos acompanhar o
desenvolvimento do cérebro ao longo do tempo e, dessa maneira, explorar como essa rede de
conexões entre diferentes regiões se organiza e funciona. Recentes estudos descrevem diferenças
entre as conexões locais e as longas conexões entre pacientes com TEA e controles, o que poderia
acarretar consequência em funções cognitivas, por exemplo.

Muitos fatores podem influenciar os resultados de pesquisa com esse tipo de imagem, como as
diferentes populações estudadas, o sinal utilizado para a aquisição de imagem e até mesmo os sutis
movimentos do paciente durante a sessão de ressonância.

Um importante conceito, amplamente utilizado nestes estudos, é o Default Mode Network (DMN)
que pode ser definido como uma técnica de mapeamento das conexões das redes sensoriais e
motoras, criando um padrão para cada grupo de pacientes estudado ou de situação analisada.
Entretanto, outros grupos de pesquisadores avaliam de uma maneira diferente esses exames, pois
eles definem que tais atividades cerebrais são análises de conectividade cerebral por etapas.

Este estudo avaliou pacientes com TEA e grupos de controle, observando que os pacientes possuíam
algumas regiões do cérebro que talvez estivessem desconectadas (ou conectadas insuficientemente)
a outras regiões. Isso pode gerar uma segregação de áreas, que precisam atuar concomitante para
determinadas tarefas. Adicionalmente, o que é considerado um ”hub”, ou seja, um local com altos
níveis de conexão, foi visto com um nível mais fraco de conexões nos pacientes com TEA do que no
grupo controle. Esses achados podem estar relacionados a déficits sociais e cognitivos.

Ref. Hong SJ, Vos de Wael R, Bethlehem RAI, et al. Atypical functional connectome hierarchy in
autism. Nat Commun. 2019;10(1):1022. Published 2019 Mar 4. doi:10.1038/s41467-019-08944-1

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