Qualidade do sono e o Transtorno do Espectro Autista

O estudo de hoje aborda uma temática muito importante para todos os pacientes e famílias com TEA: o sono. A literatura descreve que até 80% de pacientes com TEA apresentam problemas de sono, como agitação noturna ou curta duração de sono, por exemplo. As alterações de sono podem estar vinculadas a déficits comportamentais ou com problemas relacionados a hiper e hiposensibilidade, o que pode impactar diretamente a qualidade de vida do paciente e seus familiares.

Este estudo discute especificamente sobre as slow wave sleep (SWA), que é um dos tipos de onda que compõem o sono. Essas ondas são definidas por períodos do sono com um baixo nível de atividade do córtex cerebral e com funções vitais diminuídas.

Alguns estudos propõem que os problemas relacionados ao sono dos pacientes com TEA podem ser originários de interação entre comportamentos e processos fisiológicos, como, por exemplo, falta ou falha higiene do sono ou ansiedade. As ondas estudadas nesse artigo são de extrema importância para função cognitiva, aprendizado e memória. Foram avaliadas 29 pacientes com TEA e 23 controles, com uma média de idade de 5 anos. Todos os participantes realizaram polissonografia.

Os pacientes com TEA ficaram menos tempo deitados na cama, bem como apresentaram menor duração de sono. Aproximadamente 50% dos pacientes com TEA foram conectados aos equipamentos apenas após pegarem no sono.

Os resultados mostraram que os pacientes com TEA apresentaram SWA mais fracas e menos frequentes, indicando uma diminuição na eficácia do sono. Os problemas relacionados ao sono podem comprometer funções vitais dos pacientes e corroborar para problemas comportamentais. Os autores salientam que a qualidade do sono pode melhorar os comportamentos do paciente, além de diminuir o estresse parental.

Referência: Ayelet Arazi et al. Reduced sleep pressure in young children with autism. bioRxiv 706135; doi: https://doi.org/10.1101/706135. Now published in Sleep doi: 10.1093/sleep/zsz309.