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TEA E TDAH: qual a relação com o gene PTCHD1 e a via da quinurenina?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são desordens de neurodesenvolvimento de alta prevalência atualmente.  Aproximadamente 40-70% de crianças com TEA também completam na sua integridade os critérios diagnósticos para o TDAH. Recentes estudos genéticos mostraram uma sobreposição de genes considerados genes de risco para essas duas desordens. Além dos aspectos genéticos, muitos estudos estão sendo realizados com o objetivo de buscar um biomarcador clínico para essas desordens; por exemplo, um exame de sangue ou de imagem que possa colaborar com o diagnóstico.

O estudo de hoje é um estudo experimental, realizado com um modelo animal criado para ser um modelo de TEA/TDAH. O que caracteriza esse modelo é uma mutação, ou seja, uma alteração genética no gene PTCHD1 (patched domain containing 1 gene). Adicionalmente, os pesquisadores tinham como objetivo estudar uma via bioquímica envolvida com a produção de aminoácidos, vitaminas e alguns metabolitos importantes para o nosso corpo – como o triptofano –, a via da quinurenina.

Esse estudo não apenas comprovou a eficácia de um novo modelo animal para essas desordens, a ser usado em projetos futuros, como avaliou uma droga específica (Atomexitina, ATX), a qual mostrou eficácia na melhora dos comportamentos apresentados pelo modelo animal PTCHD1. Testes ainda compararam o uso dessa droga com o uso de metilfenidato (MPH), o qual isoladamente não mostrou resultados positivos nos testes comportamentais com o modelo PTCHD1. Os autores ainda discutem sobre quanto tempo a droga precisa para fazer efeito e quais as consequências de uso agudo e crônico nesse modelo animal.

Um dos pontos relevantes desse artigo é a avaliação dos níveis de alguns metabolitos da via da quinurenina no soro e em regiões do cérebro do modelo animal. Nas avaliações bioquímicas do soro, principalmente nas avaliações de idades iniciais dos animais, os resultados indicaram maiores concentrações de substratos dessa via. Na avaliação do córtex pré-frontal, uma das áreas de maior importância para o TEA, também foram encontrados valores aumentados quando comparados aos animais que não tinham essa mutação.

Esse estudo fortalece a ideia do envolvimento de metabolitos envolvidos na via da quinurenina no TEA e TDAH, bem como salienta a importância de mais estudos na área, principalmente em estágio pré-natal, para poder esclarecer o papel dessa via e suas substâncias e substratos no desenvolvimento neurológico.

REFERÊNCIA:

Murakami Y, Imamura Y, Saito K, Sakai D, Motyama J. Altered kynurenine pathway metabolites in a mouse model of human attention-deficit hyperactivity/autism spectrum disorders: A potential new biological diagnostic marker. Sci Rep. 2019 Sep 12;9(1):13182. doi: 10.1038/s41598-019-49781-y. PubMed PMID: 31515500.

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