Neste mês vivemos a campanha “Setembro Amarelo”, que luta pela prevenção ao suicídio e que busca conscientizar e alertar a sociedade sobre o assunto, ao mesmo tempo em que desmistifica tabus e mitos que ainda cercam o tema.
Entretanto, o que nem todos sabem é que o mês de setembro também é “verde”: o “Setembro Verde” foi criado para lembrar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado no dia 21 desse mês – data instituída pela Lei 11.133, de 14 de julho de 2005.
E, infelizmente, é possível traçar um triste paralelo entre essas duas datas: pessoas com autismo estão mais propensas ao suicídio em comparação a neurotípicos, segundo um estudo sueco, realizado em 2016. Ou seja… A situação é gravíssima e delicada.
Contudo, essa NÃO pode nem deve ser uma questão que preocupa apenas pais, familiares, terapeutas, professores, enfim, todos aqueles que vivem na chamada “comunidade autista”. Esse é um problema muito maior, que afeta toda a sociedade e todos podemos e devemos ir em busca de soluções.
Há treze anos, o autismo atravessou o caminho da minha família. Sem pedir licença, entrou em nossas vidas, abalou nossas estruturas e deixou muito pouco do que eu era. Quando olho para trás, vejo que o saldo foi muito positivo: seja lá quem já fui um dia, sei que hoje sou um ser humano infinitamente melhor, em todos os aspectos.
Conviver diariamente com a diferença trouxe-me ensinamentos que jamais poderia sonhar em aprender! Conhecer as dificuldades e os preconceitos que as pessoas com deficiência enfrentam me fez adquirir novas perspectivas sobre diversas visões de mundo, o que contribuiu para o meu crescimento pessoal.
Ao decidir lutar também por essa causa, o ativismo me permitiu mergulhar de cabeça nesse oceano de diversidade e pude constatar o quanto ganhei ao debater e trocar ideias com pessoas diferentes, com opiniões divergentes das minhas e, principalmente, com muito a me ensinar sobre EMPATIA.
E só fui viver essa experiência quando tive um filho com deficiência… Porque, durante toda a minha vida acadêmica, jamais dividi uma sala de aula com um aluno com alguma deficiência, seja ela qual fosse. E então eu pergunto: onde estavam essas pessoas? Porventura não existiam pessoas com deficiência há 30, 40 anos? Ou essas pessoas estavam dentro de suas casas porque o direito à educação lhes havia sido negado?
Tenho certeza de que suas mães e familiares lutaram bravamente para que eles fossem incluídos nas escolas, mas todas as portas lhes foram fechadas.
Temos, agora, toda uma geração de adultos com deficiência que foi impedida de estudar. E mais: temos, ainda, toda uma geração – da qual faço parte – que foi privada de conviver com as diferenças e que perdeu a oportunidade de construir um aprendizado baseado na troca de experiências, vivendo e convivendo com a diversidade de forma natural.
Enfim… Lamentavelmente, perdemos todos…
Mas agora podemos fazer diferente! Temos a obrigação de construir uma sociedade melhor e proporcionar aos nossos filhos, sejam eles deficientes ou não, um mundo mais empático, mais justo, porque todos ganhamos quando convivemos com a diversidade.
Por esse motivo, esse texto é PRINCIPALMENTE para você que NÃO tem um filho com deficiência!
A luta pela inclusão também é sua, porque essa luta não é apenas das pessoas com deficiência e seus familiares. Essa luta é de todos e de toda sociedade. Por isso, caminhe junto conosco, ao nosso lado, contribuindo para a construção desse processo de transformação social…
Ensine seus filhos a respeitarem e aceitarem o próximo, independente de qualquer diferença ou deficiência, sempre.
Diga não ao bullying e diga SIM ao amor!
Diga não ao preconceito e SIM à empatia!
Lembre-se de que setembro também é lembrado pela chegada da Primavera no Hemisfério Sul, estação que costuma ser comparada a um ciclo de renascimento… Que nesse setembro de tantas cores, folhas e flores, renasçam em nossos corações a inclusão, o amor, o respeito ao próximo, a tolerância e a empatia.
Denise Aragão.
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