O outubro chegou, convidando-me à costumeira viagem ao túnel do tempo, repleta de saudades, alegrias e boas recordações. Esse fenômeno acontece todos os anos neste mês e também em dezembro, pois meu primogênito nasceu no último mês do ano e nosso caçula, João Pedro, veio ao mundo no mês de outubro.
Então, quando as datas de seus aniversários se aproximam relembro momentos, revejo fotos e chego até mesmo a “sentir” o perfume de algumas lembranças!
Meu caçula hoje é um belo rapaz. Para falar com ele, se faz necessário que eu olhe para o alto, pois já está cerca de 15 centímetros mais alto do que eu. Sua voz está um pouco mais grossa e alguns pêlos compõem o que, muito em breve, tornar-se-á um bigode.
Não é para menos! Completando 16 anos este mês, nosso menino é um adolescente típico como todos os outros, em muitos aspectos. Adora ouvir música em seu quarto e no celular, gosta de joguinhos eletrônicos e tem resposta na ponta da língua para qualquer coisa, além de estar sempre pronto para discordar, muitas vezes dos pais.
Isso quer dizer que ele “deixou de ser um jovem com autismo”? Não! De forma alguma!
Ele se parece com seus pares em muitos aspectos, mas continua se diferenciando em tantos outros. Porque essa é a essência dele.
Este é o meu filho e nós o amamos exatamente assim.
Seu “crescimento” e desenvolvimento não aconteceram apenas na parte física; emocionalmente falando, ele vem demonstrando um grande amadurecimento e, nesses últimos dias, relembrou-me uma lição que, embora eu soubesse, não estava pondo em prática naquele momento.
Estávamos prontos para ir ao cinema assistir à estreia de um filme que ele estava MUITO ansioso para ver.
Como estava ansioso, começou a andar de um lado para o outro, um tanto agitado. Vendo-o nesse estado, fui tomada também pela ansiedade e não me contive. Na tentativa de ajudá-lo, pedi-lhe que sentasse, que parasse de andar de um lado para o outro e que procurasse conter sua ansiedade.
Ele então me olhou e respondeu-me com propriedade: “Mamãe, você não sabe que eu faço isso porque eu sou autista? Eu sei que estou ansioso e faço isso para me acalmar.”
Envergonhada, respondi que sim e lhe pedi desculpas pela minha atitude.
Uma vez mais, mostrou-me o quanto ainda tenho a aprender com ele.
Nesses dezesseis anos de sua existência, já ensinei a ele muitas coisas, mas é incontestável que, há muito tempo, o “aluno” já ultrapassou a “professora”, pois, desde muito cedo, vem nos mostrando valiosos ensinamentos sobre empatia, humanidade, solidariedade, superação e (d)eficiência.
Por esse motivo, meu filho, no mês do seu aniversário, quero apenas lhe dizer:
“Feliz aniversário e muito obrigada!
Obrigada pelo privilégio de ser sua mãe. Obrigada pelos ensinamentos diários, pelas lições de perseverança, por me fazer enxergar o mundo ao meu redor. Rogo a Deus que lhe abençoe e lhe proteja hoje e sempre. Desejo-lhe muita saúde e toda a felicidade do mundo, meu filho.
Preciso de você muito mais do que você precisa de mim.”
Denise Aragão.
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