Quando, naquela sexta-feira 13 do mês de março, fui informada, no final da tarde, que as aulas seriam suspensas por 15 dias em razão da pandemia da COVID-19, imaginei que este período iria se estender muito além desta previsão inicial. As notícias vindas de vários países europeus eram assustadoras e, afinal, o novo Coronavírus já havia chegado a solo brasileiro.
Contudo, nem mesmo minha mente ansiosa, em suas piores projeções, seria capaz de imaginar o cenário que se estabeleceu entre nós nos meses que se seguiram: a quarentena, que já se transformou em “oitentena”, entrou em seu sexto mês. E foi essencial para evitarmos um número ainda maior de vidas perdidas e pessoas infectadas em nosso país.
Nestes seis meses atípicos, fiz algumas reflexões à respeito da pandemia , as quais listo a seguir.
Minha percepção do tempo foi totalmente alterada. Com frequência, não sei em qual dia da semana estamos. Tudo parece passar em câmera lenta. Mas esta mesma sensação de estar “parada” no tempo se esvai quando olho o calendário e vejo que já estamos em setembro!
Abraços fazem MUITA falta! Não apenas os abraços em si, mas contatos como apertos de mão, beijos e mesmo conversas, cafés com os amigos, reuniões e encontros. Estar com aqueles que amamos faz bem a alma e ao coração e não pode ser substituído por nada. Nada.
A mesma dor que fere e entristece, contudo, é também capaz de curar e unir. A pandemia, que nos trouxe tanta tristeza, foi também capaz de unir as famílias de uma forma impressionante! Reaprendemos a olhar uns para os outros, redescobrimos o prazer de realizar tarefas simples em conjunto e partilhamos tempo de qualidade, fato que, provavelmente, muitos de nós não fazíamos há muito.
Quando a tão sonhada vacina chegar , é possível que isso resulte no fim da pandemia e do isolamento social. Contudo, isso me faz lembrar das inúmeras famílias de autistas, por exemplo , que vivem “isoladas”, sem convívio social.
Conheço famílias que vivem um isolamento social desde que seus filhos foram diagnosticados, porque até mesmo seus parentes mais próximos deixaram de convidá-los para festinhas em suas casas. Quem sabe agora esta experiência tenha contribuído para que as pessoas aprendam uma pouco mais sobre empatia e amor ao próximo? Sempre é tempo de aprender.
Acredito na transformação da humanidade. Preciso acreditar! Se assim não fosse, sequer teria forças para levantar da cama todas as manhãs. Entretanto, reconheço que, infelizmente, alguns continuarão sendo exatamente como eram antes, pois pandemia alguma é capaz de provocar uma mudança se não estivermos dispostos e abertos a ela. Mais fácil que ela tenha desvelado, de uma vez por todas, como somos.
Aprendemos com as dificuldades. As vicissitudes nos ensinam e nos moldam: é assim que crescemos. Todos nós estamos com uma oportunidade única de crescer e, ainda que este crescimento venha forjado pela força destas mudanças, por mais difíceis que estas sejam, não podemos e nem devemos deixar passar em branco as lições valiosas que este momento nos proporciona.
Não sabemos quando a pandemia chegará ao fim, muito menos quando uma vacina estará disponível. Certamente, não está ao nosso alcance resolver todos os problemas do mundo. Porém, se todos fizermos a nossa parte, indubitavelmente estaremos contribuindo para que toda a humanidade saia desta processo mais fortalecida e voltada para o espírito coletivo.
Leia mais artigos da nossa seção “Papo de mãe” clicando aqui.
2024 © Instituto Priorit - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por UM Agência