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Um ser humano em constante transformação

As férias são tempo de descanso, lazer e reflexão!

Considero este período ideal para colocar a vida “na balança”, pois é o fechamento de um ano e o começo de um novo ciclo, quando temos a oportunidade de corrigir os erros e recomeçar.

No ano que chegou ao fim, com esforço e dedicação, consegui eliminar alguns quilos extras que eu precisava perder. Por isso, diversas roupas já não caem tão e, ao vesti-las, não me sinto confortável com elas como antes.

Contudo, quem já perdeu peso sabe que este é um problema relativamente fácil de resolver: uma boa costureira pode ajustar suas roupas e deixa-las parecendo novas e modeladas ao seu novo manequim.

Entretanto, as mudanças pelas quais passei não foram apenas físicas ou estéticas. E, ao mencionar este fato, não me limito ao ano que passou. Obviamente, este é um processo de amadurecimento que venho construindo ao longo dos anos, tendo este processo atingido o seu ápice no decorrer dos últimos dois anos.

Assim como ao me olhar no espelho não me reconheci nas roupas que um dia me serviram, vivi uma experiência semelhante ao reler alguns textos que escrevi anos atrás.

Ao viver este processo de transformações, é natural que certos textos não representem mais o que penso atualmente e, portanto, não me “veja” neles. Não tenho pudor de admitir tal fato.

Um destes textos é o “Se o autismo fosse uma pessoa, o que você diria para ele?”, de 2016, em que, num exercício de imaginação, descrevo o que diria se pudesse conversar com uma manifestação física do autismo. Se fosse reescrever este texto nos dias de hoje, esta conversa seria muito diferente.

Não haveria espaço para ressentimentos, mágoa ou lágrimas: apenas uma mulher que não faz mais perguntas ou sequer busca por repostas, apenas quer encontrar o caminho para tornar seu filho feliz e autônomo, contribuindo para construção de uma sociedade mais inclusiva.

Mas o que mudou de 2016 para cá? O autismo, sem dúvidas, permanece o mesmo. Concluo que EU mudei. Nesta jornada, aprendi a ver o autismo com outros olhos e compreendi que esta é uma caminhada constante, em que precisarei aprender uma nova lição a cada esquina. E ainda preciso aprender muito!

Estou pronta para isso. E pode ser que daqui a alguns anos eu precise rever, novamente, minhas ideias e conceitos. Serei humilde o suficiente para fazê-lo.

Orgulho-me de ser essa pessoa em constante transformação que erra, acerta, ri, chora, cai, levanta e, acima de tudo, ama com todas as suas forças e tem esperança em dias melhores.

 

Denise Aragão

 

“Eu quero dizer agora o oposto do que eu disse antes

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.”

(Raul Seixas)

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