– ”Só foi uma vez, tio!”
Foi desta maneira que João, 10 anos de idade, se referiu a mim, durante a consulta médica acompanhado de sua mãe, após ser flagrado pelo inspetor de alunos fumando um cigarro no pátio da escola.
Adolescentes fumando escondido durante o recreio escolar ou no condomínio onde vivem é, muitas vezes, o comportamento inicial de um grave problema de saúde que poderá afetar consideravelmente a vida deles. Influenciados por modismos e por amigos fumantes, milhares de adolescentes caem nas garras de uma das indústrias mais poderosas que existe – a indústria do tabaco. Assim, tornam-se vítimas do vício de uma substância química altamente adictiva: a nicotina, um produto estimulante encontrado nas folhas da planta Nicotiana tabacum, o tabaco.
O consumo de cigarros de tabaco é considerada a principal causa de morte evitável no mundo, comprometendo a vida de aproximadamente cinco milhões de fumantes ao ano em todo o planeta, sendo cerca de duzentas mil mortes ao ano apenas no Brasil. Outra forma de utilização do produto é através do tabaco mascado e as consequências à saúde do usuário estão relacionadas com a ação local das substâncias cancerígenas presentes no produto, provocando câncer de boca, além da ação adictiva da nicotina.
Segundo estudos realizados no Brasil, cerca de 45% de todos os alunos do ensino fundamental e médio relataram que já experimentaram o cigarro, sendo que aproximadamente 20% do total de alunos afirmam ser fumantes regulares. A grande maioria desses jovens refere o desejo de interromper o consumo, entretanto de cada quatro jovens que tentam parar de fumar, apenas um tem êxito. Esses jovens subestimam o poder adictivo da nicotina, isto é, a capacidade da nicotina em provocar dependência e apresentam três vezes mais chances de fumarem cigarro, caso possuam membros de sua família fumantes, sendo irmãos e irmãs mais velhos as principais influências. Até 90% dos fumantes referem que iniciaram o vício antes dos dezenove anos de idade.
Adolescentes que fumam cigarro apresentam duas vezes mais chances de abusarem de álcool, quando comparados com jovens não fumantes. Apresentam também dez vezes mais chances de usarem maconha, nove vezes mais chances de usarem drogas estimulantes e quatorze vezes mais chances de usarem cocaína, alucinógenos e opióides. Por essa razão, diversos autores consideram o fumo do tabaco uma “porta de entrada” para outras drogas.
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