Sabemos que, para todos os distúrbios que acometem nosso organismo, a prevenção é o melhor remédio. No caso da mesma não ocorrer de forma a impedir o acometimento do indivíduo, o diagnóstico precoce passa a ser a melhor forma de minimizarmos os efeitos de qualquer patologia.
Nos casos de autismo, essa importância vem sendo comprovada como de extrema relevância. Quando os programas de diagnóstico precoce foram instalados nos países mais desenvolvidos, a incidência de deficiência mental e outras comorbidades psiquiátricas caiu vertiginosamente, passando de 75 por cento dos casos na década de 80 nos EUA, para 25 por cento na atualidade. No mesmo país, 40 por cento dos pacientes com esse perfil de desenvolvimento estão empregados no mercado de trabalho.
O principal ambiente por onde os primeiros sintomas devem ser reconhecidos são os consultórios pediátricos durante o primeiro e segundo anos de vida. O que ocorre é que pelo aumento brutal da incidência, há vinte anos estávamos falando de algo extremamente raro, na ordem de 1 caso para cada 10 mil, e hoje falamos de algo em torno de um caso para cada 100 nascidos. Como esse aumento se apresentou de forma epidêmica, os pediatras e as instituições de saúde e educação não foram preparados para enfrentar a demanda.
Outro fator importante para a dificuldade do diagnóstico precoce é que o entendimento sobre o autismo vem mudando consideravelmente nos últimos 10 anos a ponto de modificar paradigmas de raciocínio sobre as causas e possíveis fisiopatologias existentes. Esse fator leva a raciocínios diferentes do que seria um diagnóstico precoce. Há 20 anos, crianças diagnosticadas aos 4 anos seriam consideradas precoces. Hoje estamos falando em diagnóstico precoce antes de 2 anos. Já existem métodos sendo estudados para serem postos em prática para diagnóstico nos primeiros seis meses de idade.
Os principais sintomas relacionados ao diagnóstico entre 1 e 2 anos de idade são o atraso na linguagem a dificuldade no engajamento social, no iniciar do sono, agitação e irritabilidade, padrões comportamentais atípicos como usar brinquedos de forma repetitiva e não usual, alterações posturais e de marcha e alterações na senso percepção como a hipersensibilidade ao som, luz, tato e hiposensibilidade à dor. Antes do primeiro ano, devemos nos atentar a uma dificuldade no sorriso social, em compartilhar o prazer, movimentos atípicos de membros, alterações do sono, hipersensibilidade à luz e instabilidades emocionais. Quadros regressivos da fala após 1 ano devem ser investigados.
Famílias pertencentes a um grupo considerado de risco devem ser monitoradas durante o desenvolvimento dos filhos. São elas: as que possuem parentes com autismo em até seu segundo grau de parentesco, idade avançada dos pais (acima dos 35 anos de idade), obesidade familiar, problemas imunológicos, infecções, hipertensão e diabetes durante a gestação, problemas durante o parto ou parto prematuro e problemas no pós-parto imediato e tardio.
Vamos ficar de olho. Com o diagnóstico precoce, podemos não só iniciar os tratamentos mais cedo como também diminuir drasticamente a incidência dos problemas causados pelo espectro autista e aumentar a eficiência e independência das crianças que se desenvolvem com esse perfil a ponto de muitas vezes tornar o quadro quase que imperceptível aos olhares de leigos.
Dr. Caio Abujadi
2025 © Instituto Priorit - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por UM Agência