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Dores de cabeça e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)

 

Dores de cabeça estão entre as doenças mais incapacitantes do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. No artigo de hoje vamos falar um pouco sobre como essas dores podem ocorrer com mais frequência em pacientes com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Existem diferentes tipos de dores de cabeça que são classificados atualmente de acordo com o The International Classification of Headache Disorders 3 (ICHD-3)1. A migrânea, conhecida como enxaqueca, está presente em 10-27% de crianças e adolescentes e pode estar relacionada a prejuízos na qualidade de vida e no desempenho escolar desses pacientes.

Este estudo avaliou 117 pacientes diagnosticados com TDAH e 111 participantes sem TDAH com a mesma idade e sexo dos pacientes. As mães e os pais dos participantes também foram avaliados. Na amostra total do estudo, 50.9% dos participantes reportaram alguma dor de cabeça nos últimos 3 meses. No grupo com TDAH, 59% dos pacientes preencheram os critérios para o diagnóstico de dor de cabeça, segundo o ICHD-3; enquanto que para o grupo sem TDAH esse número foi de apenas 37.8%. Para as enxaquecas, este número foi 3 vezes maior nos pacientes com TDAH.

Além dessa diferença entre os grupos com e sem TDAH, as mães dos pacientes com TDAH apresentaram maiores prevalências2 de enxaqueca do que as mães dos participantes do grupo sem TDAH (68.9% x 40.9%, respectivamente). Esta diferença não foi encontrada nos pais que foram avaliados, mas sabemos que mulheres tem dores de cabeça mais frequentemente que homens devido a fatores genéticos e hormonais, ou seja, os autores não afirmam que estes números estão ligados ao fato de ter filhos com TDAH.

É importante lembrar que muitos dos gatilhos para crises de enxaqueca estão relacionados a fatores ambientais como qualidade do sono, tempo de tela, alimentação e estresse. Esses gatilhos podem ser identificados e, muitas vezes, controlados dentro da rotina do paciente e da família a fim de evitar novas crises. Uma dica útil para os pais e cuidadores é o uso de diário de crises, onde podem ser incluídas informações sobre a frequência de crises de dores de cabeça, intensidade das dores e fatores ambientais que podem ter sido desencadeadores das mesmas – este arquivo pode ajudar o médico a identificar qual o tipo de dor de cabeça.

No link abaixo, você pode fazer o download de um diário de crises para crianças de 7-12 anos que foi traduzido e adaptado do documento original disponibilizado pelo site The Migraine Trust3.

 

Diário de Crises (7-12 anos) Adaptado (português)

Diário de Crises (7-12 anos) Original (inglês)

 

  • https://www.ichd-3.org/
  • Prevalência: A definição da palavra prevalência e característica que prevalece. Aqui no texto esta palavra está empregada no sentido epidemiológico, ou seja, significa o número total de casos existentes numa determinada população e num determinado momento temporal.
  • https://www.migrainetrust.org/

 

Referência: Kutuk MO, Tufan AE, Guler G, Yalin OO, Altintas E, Bag HG, Uluduz D, Toros F, Aytan N, Kutuk O, Ozge A. Migraine and associated comorbidities are three times more frequent in children with ADHD and their mothers. Brain Dev. 2018 Jun 16.

 

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