“Seja você mesmo, não importa o que digam”
– Sting, “Englishman in New York”
Oi. Tudo bem? Como estão vocês? Legal.
Posso fazer minha apresentação? Certo.
Meu nome é Thiago Souza e ao momento em que escrevo tal texto tenho 24 anos de idade; e desde as primeiras horas de vida moro no Rio de Janeiro. Estudei em três escolas durante todo o meu ensino pré-escolar, fundamental e médio, sendo que fiz minha pré-escola e meu ensino médio em escolas sem especialização para necessidades educacionais especiais (um outro nome para a educação de pessoas com deficiência). Possuo graduação universitária em Biblioteconomia pela UNI-RIO e, atualmente, trabalho como assistente administrativo em uma grande agência de publicidade.
Eu seria um jovem comum, a não ser por um detalhe: eu fui diagnosticado aos três anos de idade com “autismo de alto funcionamento”, diagnóstico este que, com os anos, se converteu em “Síndrome de Asperger” – extinto ainda ao início da década de 2010 devido ao lançamento da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), no qual todas as condições neurobiológicas conhecidas como Transtornos Globais/Invasivos do Desenvolvimento passaram por uma reformulação e se transformaram nos Transtornos do Espectro Autista.
Ainda não pude engolir a extinção de tal diagnóstico, como muitas pessoas que foram diagnosticadas como Aspergers.
Ao mesmo tempo em que lido com a extinção de tal diagnóstico, eu comecei a lidar muito recentemente com outras pessoas neurodiversas (ou pessoas com TEA ou condições afins e análogas, geralmente certos transtornos mentais e comportamentais, como problemas de aprendizagem e outros), em vários ambientes, por exemplo, a minha própria família. No entanto, sigo levando a vida como se fosse um jovem neurotípico de minha idade, tendo, claro, as preocupações e agruras não só de uma pessoa neurotípica, mas também as de uma pessoa neurodiversa. “Mudar o mundo em que vivo” é, claro, uma dessas preocupações.
E, sou paciente do Instituto Priorit desde 2014. Eu sou, desde 2011, paciente da Dra. Catula Maia e fiquei por um tempo sem me consultar com ela, até voltar em 2014, quando ela já trabalhava por lá.
Vivi muitas experiências que me fizeram ter cada vez menos vergonha de minha condição, e que, ao mesmo tempo, fortaleceram o meu senso de justiça e de ver as coisas feitas com presteza.
Um dia, eu havia decidido escrever um texto em meu Facebook sobre como é ter autismo… E o texto, evidentemente, fez algum sucesso. Mostrei o mesmo texto à Dra. Catula e ela me deu a ideia de escrever um blog para o site do Instituto Priorit. E eu aceitei a ideia.
E, então, aqui estou eu.
Como podem perceber, este não é um blog qualquer… Não é, porém, um blog sobre TEA escrito por parentes de pessoas com TEA, em especial crianças e adolescentes, ou escrito por terapeutas e pessoas que pesquisam sobre o assunto – o Instituto Priorit, aliás, tem blogs escritos sob tais perspectivas. Mas faltava a perspectiva de alguém de dentro, alguém que vive o problema por si só – uma pessoa com TEA. Faltava. Esta pessoa, quero dizer, este cara sou eu.
O blog mostra os TEA na minha visão, a visão de um jovem Aspie (apelido carinhoso para pessoa com Síndrome de Asperger) que trabalha e vive no Rio de Janeiro. Ele discute com algum humor e ao mesmo tempo um tom didático/pedagógico forte, vários assuntos relacionados aos TEA, como características, especulações sobre as causas, condições afins, fatos e estatísticas, bem como intervenções e a estória da noção de autismo e da condição TEA em si. Também serão feitas aqui apreciações sobre livros com o tema “TEA”, bem como sobre políticas públicas, a visão sobre o autismo/TEA mundo afora e sobre aspectos sociais e culturais do autismo (em especial a integração e inclusão dos autistas na Internet e através da mesma). Ao mesmo tempo, posso fazer recortes relacionados à situação das pessoas com deficiência no Brasil e no mundo, e também em relação ao preconceito direcionado a nós, pessoas neurodiversas (em especial, pessoas com TEA). Apreciações de outros temas também serão feitas.
Crônicas e artigos de opinião serão feitos e são bem-vindos, e experiências próprias e dicas terão vez aqui.
Seja, portanto, bem-vindo ao meu blog. O “EU SOU ESSE CARA!” aguarda por vocês. Vamos lá?
Thiago Souza
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