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Perfeição, para que te quero?

 

Vivemos em uma sociedade onde diariamente vários padrões de comportamento, de beleza, de moda, e até mesmo de pensamento e valores nos são impostos, sem que ao menos tenhamos a oportunidade de questioná-los.

Tomando como exemplo a figura da mulher, posso listar alguns: ela deve ser linda, magra, escovada, malhada, segura, bem-sucedida profissionalmente, ótima mãe, excelente esposa e amiga para todas as horas. Este é o padrão de perfeição que a “ditadura da beleza” criada pela sociedade impõe a nós, mulheres. Observo com horror mulheres se submetendo a procedimentos cirúrgicos desnecessários (chegam até a retirar costelas para afinar a cintura!) para tentar desesperadamente se parecer com alguma esquálida top model.Cabe a ressalva de que NÃO sou contra procedimentos estéticos. Longe de mim! Sou contra a busca desenfreada por uma perfeição que NÃO existe!!!

Mas esta cobrança, embora seja mais visível com a figura feminina, não é uma exclusividade nossa. Todos, sem exceção, sofrem para tentar se encaixar nos “moldes pré-fabricados”. E aquele que se desvia deste padrão corre o risco de ser alijado, por ser diferente.

Deixemos de lado a figura da mulher e voltemos nosso olhar atencioso aos nossos autistas. E eles? Onde é que eles se encaixam neste padrão de perfeição? Como podem atender às exigências de uma sociedade que nos quer todos iguais, seres humanos exatos, em cópia, sem diferenças ou peculiaridades?

As diferenças incomodam! O que é novo assusta e causa até mesmo estranheza, mas são as mudanças que transformam o mundo! São elas que nos resgatam da perigosa e alienante zona de conforto em que muitas vezes nos encontramos, estagnados. Muito me preocupa o sofrimento pelo qual passarão, as cobranças irreais e imorais que lhes serão impostas…

Tomemos o exemplo de Einstein: reprovado no vestibular em 1898, apenas 7 anos depois – em 1905 – revolucionou a Física, com sua famosa Teoria da Relatividade. Chegou a ouvir de uma professora, no sétimo ano, que “ele não daria em nada na vida”. Alguns autores afirmam, e há fortes indícios de que estejam corretos, que Albert Einstein era portador de TEA, ou seja, possuía algum grau dentro do espectro autista.

Para refletirmos um pouco mais, tomo a liberdade de ilustrar esta teoria relatando uma história verídica que expressa perfeitamente o que penso: “Há muitos anos atrás, um pai lançou seu filho recém-nascido, um bebê de nome Ivano que nascera sem as duas pernas, nas águas do rio Tibre, em Roma, com a justificativa de que seu filho jamais o perdoaria por tê-lo permitido viver e conviver com tamanho sofrimento.

Pouco tempo depois, em maio de 1912, o menino Henry Viscardi Jr. vem ao mundo com a mesma deformidade do bebê italiano, com apenas dois cotos no lugar das pernas. Entretanto, ao contrário do bebê Ivano, Henry teve melhor sorte e não só foi aceito por seus pais, como também era muito amado. Apesar de medir pouco mais de 1 metro de altura aos 25 anos e de se locomover usando duas enormes botas, sua deficiência não o impediu de frequentar uma universidade, cujas mensalidades eram pagas por ele mesmo, com seu trabalho como juiz de basquetebol, garçom e repórter.

A operação, gratuita, que lhe concedeu pernas artificiais, veio aos 26 anos.  Anos mais tarde, casado e com filhos, Henry tornou-se o Presidente de uma importante indústria de peças automobilísticas em Nova York. Em sua indústria, todos os seus funcionários eram deficientes físicos e/ou mentais. Em macas, por exemplo, tetraplégicos trabalhavam usando alguns dedos das mãos. O livro “Nós poderemos vencer”, que foi escrito por ele, foi prefaciado por Eleanor Roosevelt, primeira dama à época do governo de seu marido Theodore Roosevelt.”
(extraído do site http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=825&staf=O)

É necessário que a sociedade se permita ser tocada pelas diferenças e olhe para os indivíduos “diferentes” com os olhos do coração, focando em suas habilidades e capacidades. A diferença pode nos surpreender positivamente, inovar, criar e nos permitir enxergar valores e conceitos nunca antes imaginados.

É inegável que vivemos, cada vez mais, em um mundo constituído de diferenças e de diferentes e que neste mundo não há espaço para cobranças por padrões de comportamento e muito menos pela busca desenfreada e irracional para  nos adaptarmos aos moldes da chamada ” perfeição”.

Denise Fonseca de Jesus Aragão

” A perfeição é uma imperfeição.”
Tau-Te-King

E para você, o que significa perfeição?

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